Os efeitos da radical alteração criada pela Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX, 1760 – 1820), com a invenção sucessiva de ferramentas mecânicas e motores cada vez mais eficientes, permitiram o fabrico (rápido) de artigos em série, anteriormente de exclusiva elaboração artesanal (lenta), provocou no Homem uma mentalidade mais exigente, eivada de novas ideias e mais evoluídos anseios.

Perto de meio século após, os ventos da modernidade soprados pela revolução Industrial, operada a partir da Grã-Bretanha, varreram toda a Europa e, paulatinamente, chegaram ao nosso País.

A maior produção conduziu inevitavelmente à acumulação de capitais e ao desenvolvimento da classe burguesa tendo como consequência a exploração dos trabalhadores que para se escudarem constituíram as suas organizações, agregando as várias profissões na defesa dos seus interesses de classe, passo decisivo para o surgimento dos sindicatos.

A Cova da Piedade, ao longo das diferentes épocas do seu processo histórico teve sempre uma profunda ligação ao Rio e ao Campo. Porém, a partir de então essas actividades cederam o lugar de primazia ao operariado urbano, ante o fluxo da recém-chegada indústria mecanizada.

O primeiro evento que se conhece dessa transformação técnica data de meados do século XIX; a construção de uma estrutura mecânica, um moinho de maré na zona de Mutela.

Em 1865 o seu proprietário, Manuel José Gomes, industrial moageiro, mandou construir uma Fábrica de Moagem, accionada por máquinas a vapor permitindo aumentar substancialmente a produção de farinha contribuindo assim, de modo decisivo para o arranque da Revolução Industrial em Portugal.

A progressiva alteração do tecido social e urbano, motivada também pela deslocação dos trabalhadores rurais para a zona ribeirinha: Margueira, Mutela e Caramujo, concentrou populações antes dispersas pelos campos do interior. Aos poucos vai surgindo a ideia do associativismo e da sua força colectiva como forma de evolução do novo trabalhador, através das Artes e do Ensino.

Um novo espírito de classe foi consciência obtida pela actual situação. Era agora necessário interessar o Homem nos valores que proporcionassem a sua ascensão cultural. Imperava a vontade dos Homens movida pela necessidade geradora do Progresso! Criar uma Colectividade como ponto de Reunião era função primordial a tais intentos.

De um grupo alargado de consciências mais abertas para o FUTURO, logo 12 dos mais audazes e determinados foram nomeados para a tarefa e missão que se impunha: – Fundar uma escola primária para as crianças, filhos dos trabalhadores, e mais tarde também para os adultos e uma Banda de Música Filarmónica, eram as prioridades iniciais, pouco depois ampliadas à criação de um Grupo de Teatro e uma Biblioteca.

Estas foram, entre outras, algumas das fundamentais conjunturas que proporcionaram em 23 de Outubro de 1889 a fundação da prestigiosa Sociedade Filarmónica União Artística Piedense.

Fundadores