Conta António dos Santos Matos, no seu excelente trabalho de pesquisa da História da S.F.U.A.P. que corria o ano de 1889 quando “um grupo estoico de rapazes, havidos pelo desenvolvimento associativo”, resolveu fundar a Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, constituindo, desde logo, uma banda de música. Os primeiros instrumentos e utensílios vieram da Sociedade Musical União Artística do Caramujo, que nesse ano se extinguiu.
Decorridas algumas semanas sobre a data de 23 de outubro de 1889, a S.F.U.A.P. inaugurava a sua primeira sede na chamada “Casa dos Freitas” ao lado da capela existente a sul do Jardim Público da Cova da Piedade. Artur António Ferreira de Paiva, o primeiro regente da Banda da S.F.U.A.P., pôde iniciar os ensaios e a primeira saída (conhecida) da nossa Banda verificou-se na Quinta dos Frades, onde os novos executantes foram aprender a marchar ao som da música.
Em 1898, no Terreiro do Paço, em Lisboa, celebrou-se o 4.º Centenário da Descoberta da Índia. A nossa Banda lá esteve e cobriu-se de glória por ter sido a única filarmónica presente que executou os acordes da “Grande Marcha do Centenário”.
Os anos passaram, dezenas de jovens aprenderam música na S.F.U.A.P., desfilaram com a sua Banda e participaram em inúmeras manifestações musicais. Em 1934, os registos assinalam a existência de 33 executantes. Em 1932, Fernando Marques Francisco havia sido o inspirado autor do primeiro hino da S.F.U.A.P., conhecido. Em 1937 fundou-se o Jazz Piedense, que abrilhantou durante alguns anos muitas festas associativas e também foi criada a Banda Taurina.
Ao longo de um século muitos foram os regentes da Banda da S.F.U.A.P., desde Artur António Ferreira Paiva, o primeiro, passando por António Gonçalves dos Santos, Augusto Menezes Cabral (1926-1929), Leonel Duarte Ferreira (1930-1944), José Dias Montezinho e muitos outros, até à atualidade, com o Maestro Carlos Ribeiro.
Longa é, também, a lista dos músicos que passaram pela Banda da S.F.U.A.P., como largo é o rol daqueles que se tornaram músicos profissionais e ingressaram em bandas militares e orquestras. Tantos são, que seus nomes não caberiam neste simples escrito e correríamos o risco de esquecer algum, lamentavelmente.
Salientamos, contudo e pelo exemplo de longevidade que representa para os atuais jovens executantes, o nome Manuel Calvário, músico da Banda desde 1937.
Mais recentemente a Banda da S.F.U.A.P. colaborou com as mais diversas modalidades desportivas e culturais concretizando dos momentos mais relevantes da atualidade, as Galas da SFUAP e também se fez representar nos diversos encontros nacionais de bandas filarmónicas e, claro, os regulares “Concerto de Ano Novo” e “Concerto de Gala”.
No decurso de um longo passado de uma centena de anos, muitos foram os momentos altos da história da Banda da S.F.U.A.P., mas também houve períodos baixos e vicissitudes. Nem sempre tudo correu bem. Mas, o que é importante é que a Banda sobreviveu a todas as crises e “hoje aí esta”, plena de juventude nos seus 131 anos de existência, mantendo viva a chama que se acendeu em 23 de outubro de 1889.